Quando o governo FHC iniciou a
implantação de um programa de garantia de renda mínima, que em 2001 era chamado
de Bolsa Escola Federal, havia um objetivo muito claro: compensar as famílias
brasileiras pelos seus esforços em garantir a freqüência de suas crianças nas
escolas. Costumava dizer naquela ocasião que o governo federal, por meio do
Ministério da Educação, dava o peixe, a vara de pesca e ensinava a pescar. Se
essa iniciativa não tivesse a pedra fundamental e os primeiros passos
estruturantes em todo o país, sob FHC, a atual Bolsa Família do governo Lula
talvez nem tivesse decolado, a exemplo dos programas "Fome Zero" e
"Primeiro Emprego".
Recordo que em março de 2001, o
então ministro da Educação, Paulo Renato Souza, me designou para a missão de
implantar e executar o Programa Bolsa Escola Federal, com o jovem Floriano
Pesaro (hoje vereador do PSDB na Câmara Municipal de São Paulo), que naquela
época dirigia o Fies – Financiamento Estudantil em substituição ao sistema de
Crédito Educativo para estudantes em faculdades e universidades privadas.
Juntos construímos e implantamos a Bolsa Escola na etapa mais difícil da
existência de um programa social de relevância nacional.
Não nos preocupamos naquela
ocasião, com a paternidade da iniciativa. Mas Fernando Henrique Cardoso vinha
sendo estimulado pela sua mulher Ruth Cardoso e pela equipe do MEC – Ministério
da Educação, para impulsionar a rede de proteção social do seu governo com
programas compensatórios de renda, que levassem à emancipação das pessoas. E
não faltavam experiências bem sucedidas em diversos lugares do país, para se
espelhar ou copiar.
No Congresso Nacional, o senador
Eduardo Suplicy difundia as suas ideias de um projeto de "Renda
Mínima"; em Campinas, o saudoso prefeito José Roberto Magalhães Teixeira,
"Grama", colhia os primeiros resultados do Programa de Garantia de
Renda Mínima conectado à Educação local; em Brasília, o governo do Distrito
Federal comandado por Cristovam Buarque executava os primeiros passos de um
Programa Bolsa Escola; e no Estado de Goiás, Marconi Perilo, colecionava bons
resultados com a "Renda Cidadã". Havia ainda o PETI – Programa de
Erradicação do Trabalho Infantil, do próprio governo federal, com uma avaliação
positiva para evitar o uso e abuso de mão de obra infantil em atividades
insalubres, atendendo a crianças de vários Estados.
Paulo Renato, Floriano Pesaro e
eu organizamos e comparecemos às caravanas da Bolsa Escola em todos os Estados
brasileiros. Nessa fase, a meu ver a mais difícil de todas, atuamos para
convencer aos prefeitos, vereadores, dirigentes municipais de educação, para a
adesão do município ao programa. Não representava um processo simples, mesmo
com o apelo social da compensação financeira e de renda às famílias pobres,
porque aos municípios cabia a identificação, o cadastramento e o acompanhamento
da freqüência dos estudantes, para que estivessem aptos a receber regularmente
o benefício.
Não me esqueço das dificuldades
enfrentadas numa reunião de prefeitos em Petrolina, Estado de Pernambuco,
quando alguns prefeitos elogiavam a iniciativa do governo FHC, mas não queriam
assumir os encargos que lhes estavam reservados nos pré-requisitos do programa.
Também não me esqueço da resistência oferecida pelos principais prefeitos do
PT, Marta Suplicy (São Paulo), Tarso Genro (Porto Alegre), Antonio Palloci
(Ribeirão Preto) e Izalene Tiene (Campinas), à implantação da Bolsa Escola em
seus municípios, porque não queriam "Bolsa Esmola" de FHC e
justificavam que organizariam ação própria sem depender do governo federal.
Em dois anos de trabalho intenso,
o Programa Bolsa Escola Federal cadastrou e beneficiou 5,5 milhões de famílias,
com 11,2 milhões de crianças, sem uma notícia de irregularidade na sua
execução, importando investimento federal de cerca de R$ 2 bilhões do Fundo de
Combate à Pobreza, criado durante o governo FHC. Na esteira bem sucedida da
Bolsa Escola, José Serra, então ministro da Saúde, criou o Bolsa Alimentação,
que em pouco mais de 15 meses atendeu a 2,7 milhões de crianças de 6 meses a 6
anos e 11 meses, além de 803 mil gestantes e nutrizes.
Para as famílias beneficiárias
das Bolsas Escola e Alimentação, FHC distribuiu também o Vale Gás. Desse modo,
no início de 2003, quando o presidente Fernando Henrique passou a faixa
presidencial ao presidente Lula, os programas compensatórios de renda somavam
cerca de 7,3 milhões de famílias beneficiadas (5,5 milhões da Bolsa Escola e
1,8 milhões da Bolsa Alimentação). Nessa época o governo FHC havia iniciado a
unificação do cadastro de beneficiários, por sugestão do governador Marconi
Perilo, que foi o autor também da utilização de um cartão magnético para que as
famílias recebessem os benefícios, sem intermediários, nas agências da Caixa
Econômica Federal ou em um correspondente bancário em todo o país.
Postos estes números e diante das
críticas mentirosas do PT e dos seus aliados sobre a paternidade e o
compromisso com a manutenção da Bolsa Família, nome atribuído após a unificação
dos cadastros da rede de proteção social criada por FHC, duas constatações: o
atual governo ampliou os valores repassados às famílias, mas durante os últimos
oito anos incluiu cerca de 5 milhões de novas famílias, que agora dão ao
programa de renda mínima a dimensão das atuais cerca de 12 milhões de famílias
beneficiadas. A verdade para o PT não é conveniente. O que praticam em nome da
Bolsa Família é tergiversar para garfar o voto dos desavisados. (http://www.raul.blog.br/708/pt-encurrala-bolsa-familia/)
LULA
MENTE DESCARADAMENTE.wmv
Bolsa familia
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